ANTIGO CALAMBAU

ANTIGO CALAMBAU

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

300 ANOS DE HISTÓRIA - 1710/2010 - DE CALAMBAU A PRESIDENTE BERNARDES

UM POUCO SOBRE A NOSSA HISTÓRIA E CULTURA
     Por volta de 1710 aqui chegou o Bandeirante paulista, natural de Taubaté, João de Siqueira Afonso, a procura de ouro e de índios para o serviço escravo.
A região era rica em ouro, que surgia no leito do Rio Guarapiranga (atual Rio Piranga) e nos córregos e ribeirões afluentes. Nas margens do Guarapiranga surge então um núcleo de povoamento.
       Esta região foi primordialmente habitada pelos índios botocudos. Raça de índios fortes, de cor acobreada, cor característica dos índios do Continente Americano. Formavam uma grande nação constituída de diversas tribos nômades, que se espalharam pelo sul da Bahia e pelo Estado do Espírito Santo. Em Minas Gerais ocupavam, principalmente, todo o vale e bacia do Rio Doce. Foram os Bandeirantes Paulistas e Portugueses que lhes deram o nome de botocudos, em razão dos adornos (rodelas de pau) que usavam nos lábios inferiores e nas orelhas.
    Algumas tribos eram guerreiras, outras mansas, mas tinham como característica, o sentimento pátrio de preservação do vale que ocupavam, pois, como escreveu o pesquisador Guido Marlière: “As tribos que se achavam estabelecidas em um vale, repelem a todo o transe as outras que ali penetram em procura de frutos naturais, de caça e peixe”. Daí se pode concluir as dificuldades que os Bandeirantes encontraram para se apossar do lugar.
     E foram estes primeiros habitantes que deram o nome de Calambau ao sítio onde hoje se encontra assentada a cidade. Segundo o historiador Napoleão Reys, a palavra vinha de Kara e Ambaua, que na língua dos botocudos significava: Lugar onde o mato não era fechado, era ralo. Já o historiador Alfredo de Carvalho, afirmava que o topônimo vem de Carambás ou Caram-ba-y, que significa rio curvo ou tortuoso. Pedro Maciel Vidigal, historiador e pesquisador, natural de Calambau, dizia: Não há qualquer contradição entre essas duas etimologias. Uma completa a outra. Assim sendo, a palavra Calambau significa lugar onde o rio faz curvas e o mato é ralo
OS PRIMEIROS HABITANTES BRANCOS
    Os primeiros habitantes brancos eram portugueses e paulistas, sendo que os portugueses eram em maior número. Das famílias que aqui chegaram e se espalharam por toda a região destacamos: Velho Cabral, Cabral da Câmara, Carneiro, Flores, Gonçalves da Cunha, Alves Pereira, Alves Guimarães, Moura, Miranda, Oliveira Leal, Costa, Fernandes, Pires da Silva, Ferraz, Fonseca, Siqueira, Ramalho, Carneiro de Miranda, Freitas, Mendes Peixoto, Fernandes de Souza, Gomes Pereira, Correia dos Santos, Teixeira Guimarães, Moreira, Soares, Gouveia, Araújo Quintão, Vidigal, Coelho Duarte, etc.
     Com a expansão da mineração no rio e seus afluentes, necessário se fez a compra de escravos, pois o índio botocudo, como se sabe, não era fácil de se submeter ao trabalho imposto pelos brancos. E foi assim que os negros africanos, escravos, aqui chegaram provenientes de Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé, Benguela, Sudão e Congo.
    A primeira capela, devidamente documentada conforme consta nos arquivos da Cúria Metropolitana de Mariana, foi aqui construída por volta de 1738 por iniciativa de ANA CABRAL DA CÂMARA, piedosa senhora, que exerceu sobre ela o Direito de Padroado, ou seja, o direito de ser a Padroeira Terrestre da referida Capela. Como Padroeiro Celeste foi escolhido Santo Antônio. Supõe-se que esta primeira Capela tenha sido construída na Rua do Cruzeiro, provavelmente onde fica a Casa da Pastoral da Saúde, local onde tinha sido erguido o primeiro Cruzeiro da cidade, que se manteve de pé até a década de 1950. Em 1755 foi construída uma nova Capela, pela mesma senhora, no local onde hoje se encontra a Igreja Matriz de Santo Antônio, ou seja, Praça Cônego Lopes, no antigo Largo da Matriz.
     O primeiro padre nomeado para o Curato de Calambau foi o Padre Manuel Francisco do Carmo, que aqui chegou por volta de 1861, e o primeiro Pároco para aqui nomeado foi Padre José Januário Carneiro, em 1868.
     Em 22 de julho de 1868, o Dr. José da Costa Machado de Souza, Presidente da Província de Minas Gerais, elevou Calambau à categoria de Freguesia.
Em 23 de Outubro de 1878, a Assembleia Provincial de Minas Gerais, decretou a Lei nº 2468, criando uma cadeira de Instrução Primária na Freguesia de Calambau.
     As primeiras professoras que aqui ensinaram foram: Maria da Glória Duarte Guedes, Alzira Ribeiro, Macrina Saturnina do Couto e Judith Ildefonso Palermo.
Em 16 de Julho de 1944, o Dr. Benedito Valadares Ribeiro, Governador de Minas Gerais, criou as “Escolas Reunidas Cônego Francisco Lopes”.
A IMPORTÂNCIA DE “PADRE CHIQUINHO” NO DESENVOLVIMENTO DO POVOADO DE CALAMBAU
     Cônego Francisco Lopes da Silva Reis, mais conhecido por “Padre Chiquinho”, nasceu no arraial de Santa Rita do Turvo, hoje, cidade de Viçosa – MG, no dia 30 de Novembro de 1868. Filho de Francisco Lopes de Faria Reis e Antônia da Conceição.
Foi ordenado presbítero por Dom Silvério Gomes Pimenta, no dia 19 de Abril de 1896.
Sempre procedeu com apuradas virtudes, durante sua longa vida. Por isso, mereceu o respeito daqueles que tiveram a felicidade de conhecê-lo e com ele conviver.
Sua primeira paróquia foi Teixeiras, onde ficou desde a ordenação até o ano de 1900.
A CHEGADA DE “PADRE CHIQUINHO” EM NOSSA TERRA NATAL
     Aqui chegou no ano de 1900. Chegou para ficar e para trabalhar!
Estabeleceu sua morada na casa, hoje pertencente aos seus sobrinhos, o casal, Antônio Quintão Vidigal e Ignêz de Carvalho Vidigal, na Praça Três de Outubro.
Ao assumir a Paróquia, no dia 02 de Setembro de 1900, não despertou o temor entre seus paroquianos. Inspirou confiança, acolhendo a todos como iguais e como irmãos. Era um homem justo, todos os seus dias foram de luta e constante vigília. Nem mesmo das próprias férias canônicas desfrutou, a não ser nos últimos anos de suas atividades paroquiais.
     Havia encontrado uma Comunidade carente do trabalho religioso e que necessitava de trabalhar os valores morais. Sua meta principal foi fazer religioso, profundamente religioso, o rebanho que ficou aos seus cuidados. Até hoje podemos dizer, que o caráter religioso de nosso povo, foi moldado no caráter do “Padre Chiquinho”.
Quando assumiu o governo espiritual da Paróquia de Santo Antônio de Calambau, todos os atos religiosos eram praticados na segunda Capela, construída pelo casal Antônio Alvares Ferreira e Ana Cabral da Câmara, no ano de 1755 e benzida no dia 10 de Janeiro de 1775. 
     Com mais de 150 anos, a Velha Capela estava em ruínas. Urgia consertá-la de alto a baixo. Vale ressaltar que “Padre Chiquinho”, não encontrou um vintém, sequer, no cofre da Igreja. Mesmo assim, em 1901 começou a obra de recuperação, contando com a boa vontade do povo e os generosos donativos dos ricos e as pequenas contribuições dos pobres. Em 1903 a Casa de Deus já era outra!
O ENSINO DA DOUTRINA CRISTÃ
     Urgia ministrar o ensino religioso a fim de ser transformada e valorizada a
Comunidade com o aperfeiçoamento da formação do espírito.
No início do seu paroquiato, o “Padre Chiquinho” recebeu o auxílio dos Missionários: Giordano, Gustavo e Rocha. Abriram as Missões com um zelo verdadeiramente apostólico, e as bênçãos de Deus caíram sobre seus esforços. O povo em massa compareceu e apesar da predominante ignorância nos principais fundamentos da Religião, manifestava a sua boa vontade em se instruir.
     Realizou-se nestas Missões a Pregação do Evangelho, as Horas Santas, o Catecismo, as Confissões, os Casamentos, os Batizados e, talvez, pela primeira vez, a comunhão geral das crianças.
     Retirando-se os Missionários, deixaram como marco de tão grande benefício, um Cruzeiro erguido na rua do mesmo nome, em frente à casa onde funciona atualmente a Pastoral da Saúde.
     Os anos foram passando e o zelo e o cuidado assíduo de “Padre Chiquinho” para com o povo e a Religião deu bons resultados e a Paróquia passou a ser elogiada pelos Bispos em suas visitas pastorais, deixando registros no Livro de Tombo.
     “Padre Chiquinho” desdobrou-se no trabalho da catequese em todo o território sob sua jurisdição, o qual abrangia Brás Pires, Porto Seguro, a Freguesia de Santo Antônio de Calambau e dois extensos Distritos do Município de Piranga.
     O ensino do Catecismo era ministrado em todas escolas da Freguesia, em número de 9, e na Matriz aos Domingos e Dias Santos.
BONS AVISOS E CONSELHOS OPORTUNOS
     Doutrinava os ensinamentos de Cristo e dava lições de moral e de civismo.
No tempo oportuno, despertava a lembrança dos habitantes da zona rural para o fogo das coivaras, para a capina da terra, para os dias de plantio das sementes e para a época própria da colheita dos frutos esperados. Sempre chamava a atenção dos pais de famílias para o cumprimento de seus deveres com os filhos e fazia severas advertências aos filhos para que respeitassem os seus pais. Provocava os brios dos cidadãos no sentido de amarem e servirem a sua Pátria, de respeitarem as Autoridades constituídas e de não perturbarem a ordem pública e a paz social, que é o maior bem comum.
     Fez mais o nosso bom “Padre Chiquinho”: Para tráfego de automóveis, fez pontes, aterros, bueiros e melhoramentos nas estradas já existentes no território de sua Paróquia, contando sempre com o apoio de centenas de homens de boa vontade, organizados em mutirões, que ele sabia muito bem dirigir.
PADRE CHIQUINHO” E A LUZ ELÉTRICA
     A luz elétrica só chegou no Distrito de Calambau, pela primeira vez, oficialmente, no dia 1º de Outubro de 1933, graças aos trabalhos e ao prestígio do Pároco Padre Francisco Lopes da Silva Reis. Pois foi ele quem conseguiu de seus paroquianos, trinta contos de reis, a juros de 8% ao prazo de um ano, que emprestados à Prefeitura Municipal de Piranga, permitiram ao Prefeito Dr. Miguel Batista Vieira custear as despesas com as redes de transmissão, a partir da sede do município, e com a rede de distribuição nas casas do Distrito.
     Na hora da inauguração, o Prefeito Municipal transferiu todas as homenagens para o Sacerdote incansável, que desde 1900 dirigia os destinos espirituais da Paróquia, sem deixar de lado a promoção do bem estar comum material. 10 anos depois de inaugurada a luz foi ficando fraquíssima. Um motor a óleo diesel, emprestado pelo Governo do Estado foi que forneceu luz à Comunidade, por alguns anos, utilizando a rede de distribuição feita no ano de 1933. Anos mais tarde, em 1965 foi instalada a CEMIG em Presidente Bernardes. Foram bem suados e abençoados os 41 anos do exercício do sacerdócio de “Padre Chiquinho” em nossa terra natal!
     Em 20 de Abril de 1941, o senhor Cônego Francisco Lopes da Silva Reis deu posse ao Padre José Nicomedes Grossi, seu sucessor, que foi outro grande condutor dos destinos espirituais do povo desta terra.
     Seus últimos anos de vida foram passados em Viçosa, sua terra natal, onde continuou seu apostolado. Faleceu no dia 22 de Abril de 1951, sendo sepultado no túmulo nº 7 do Cemitério Dom Viçoso, em Viçosa. 
A EMANCIPAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
     No mês de Janeiro de 1953, por iniciativa do Padre José Nicomedes Grossi, pároco à época, reuniu-se um grupo de cidadãos do Distrito para dar os primeiros passos rumo à sua Emancipação Político-administrativa em relação ao município de Piranga, ao qual pertencia.
     Desempenharam papel importante no Processo de Emancipação os seguintes cidadãos: Padre José Nicomedes Grossi (Presidente da Comissão); José Pedro Fernandes (Vice-Presidente); José Maria Peixoto, Escrivão do Distrito; Antônio Quintão Carneiro, Vereador, então, Presidente da Câmara dos Vereadores de Piranga; Amantino Luiz Diogo, Vereador; Leonídio Quintão Vidigal, Vereador e Francisco Quintão Vidigal, estes integravam a Comissão, além de contar com o apoio do Deputado Estadual Ciro Maciel, da cidade de Piranga e de vários outros participantes, principalmente comerciantes, fazendeiros e do eminente filho da terra, o político e historiador, Padre Pedro Maciel Vidigal, que abraçaram a causa com entusiasmo.
     O Processo arrastou-se por cerca de dez meses, cheio de controvérsias, prós e contras, e no dia 13 de Dezembro de 1953, o Distrito de Calambau foi elevado à categoria de município, pela Lei Estadual nº 1.039, passando a denominar-se Presidente Bernardes, em homenagem ao ilustre mineiro, Artur da Silva Bernardes, (Ver dados biográficos mais à frente), que foi Presidente (Governador) do Estado de Minas Gerais (1918/1922) e Presidente da República (1922/1926). Vale aqui ressaltar que a mudança do topônimo não foi recebida de braços abertos por toda a população. Uma grande parte reagiu contra a mudança, desejando que fosse mantida a denominação de Calambau, o topônimo indígena com que entrou na História e na Geografia de Minas Gerais, conforme constava no Processo de Emancipação, encaminhado à CEDAJE (Comissão Especial da Divisão Administrativa do Estado). Em 1985, o Prefeito Municipal Geraldo de Oliveira Maciel, sancionou a Lei Municipal nº 354/85, decretada pela Câmara dos Vereadores, restituindo ao município o antigo topônimo de Calambau. No entanto, no mandato seguinte, esta Lei foi revogada, voltando o município a se chamar Presidente Bernardes.
    A instalação do município se deu no dia 1º de Janeiro de 1954, sendo administrado pelo Intendente José Emílio Duarte, até 3 de Fevereiro de 1955.
     Em 3 de outubro de 1954, realizou-se a primeira eleição no município de Presidente Bernardes. Concorreram ao pleito dois partidos políticos: O Partido Republicano (PR), com o candidado José Pedro Fernandes - “Juquinha da Água Limpa” - fazendeiro influente no município; e o Partido Social Democrático (PSD), com o candidato Antônio Quintão Carneiro – Ninico Carneiro – Técnico Agrícola recém-formado pela Escola Superior Agrotécnica de Viçosa (atual Universidade Federal de Viçosa). O candidato vencedor foi o do PR, José Pedro Fernandes.
     Os primeiros vereadores eleitos no município foram: Antônio de Freitas Soares, Antônio Pereira Paiva, Benjamim Justiniano Teixeira, Joaquim José Pereira, Joaquim Barnabé Fernandes, José Arsênio Fernandes, José Soares Vidigal Filho, Nilton Fernandes Pinto e Pedro Vidigal Guimarães.
     Em 16 de março de 1955 foi criado o “Grupo Escolar Governador Clóvis Salgado”, sendo sua primeira Diretora, a professora Maria de Lourdes Carneiro Peixoto.
     Como obras marcantes deste primeiro Governo Municipal destacamos:
A criação de onze escolas rurais, a construção do prédio onde funciona a Escola Estadual Governador Clóvis Salgado e a construção da ponte de concreto sobre o Rio Piranga (as duas últimas obras foram construídas com recursos conseguidos pelo Deputado Ciro Maciel).
    Em 21 de Janeiro de 1962, sendo Prefeito Municipal o Sr. Antônio Quintão Carneiro (2º Prefeito eleito do Município), o Ex-Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, Senador da República à época, aqui esteve para inaugurar várias obras na cidade, cujos recursos foram conseguidos junto ao Governo Federal e Companhia Vale do Rio Doce, pelo Deputado Pedro Maciel Vidigal, filho da terra, destacando-se a inauguração do Jardim JK, na Praça Cônego Lopes e o prédio onde funciona a Escola Estadual Padre Vicente Carvalho. Como obras principais deste segundo Governo Municipal destacamos: A construção do prédio citado acima, a construção da Adutora dos Guirras (que até hoje abastece de água a cidade), construção do Jardim JK, calçamento da Praça Cônego Lopes e várias ruas da cidade e a criação do Ginásio Municipal Santo Antônio (Lei Municipal nº 90), sendo seu primeiro Diretor o saudoso Padre Vicente Carvalho Filho.
     No dia 25 de Novembro de 1965, o Governador Magalhães Pinto, atendendo pedido do Deputado Pedro Maciel Vidigal, sancionou a Lei nº 3.590, criando o Ginásio Estadual de Presidente Bernardes, hoje Escola Estadual Padre Vicente Carvalho - homenageando o seu fundador - sendo seu primeiro Diretor o Pe. José Viana Moreira.
    Prefeitos que administraram o município até a presente data: José Pedro Fernandes (1955/1958); Antônio Quintão Carneiro (1959/1962); José Soares Vidigal Filho (1963/1966); Antônio Quintão Carneiro (1967/1970 – 2º mandato) – Onofre Martins Fernandes, Vice-Prefeito, assumiu o cargo de Prefeito de 17/02/1969 a 17/02/1970); Silvério Quintão Vidigal (1971/1972); Antônio Quintão Carneiro (1973/1976 – 3º mandato); Realino de Almeida (1977/1982); Geraldo de Oliveira Maciel (1983/1988); Realino de Almeida (1989/1992 – 2º mandato); Izaltino Vital de Souza (1993/1996); Geraldo de Oliveira Maciel (1997/2000 – 2º mandato); Olívio Quintão Vidigal Neto (2001/2004); Olívio Quintão Vidigal Neto (2005/2008 – 2º mandato); Izaltino Vital de Souza (Prefeito atual. Assumiu o Governo do Município em 2009 – 2º mandato).
     Todos os prefeitos que governaram o município, cada um ao seu tempo, procuraram construir obras que beneficiassem a população.

PADRE GROSSI E A CONSTRUÇÃO DA NOVA MATRIZ
     A maior obra edificada em Presidente Bernardes, é sem dúvida alguma, a Igreja Matriz de Santo Antônio, obra esta idealizada e realizada pelo Pároco, à época, Padre José Nicomedes Grossi, posteriormente, Dom José Grossi, Bispo de Bom Jesus da Lapa – BA, que faleceu em 21/06/2009, sendo sepultado nesta Igreja, numa justa homenagem ao seu construtor.
     O início das obras da Nova Matriz deu-se no dia 1º de Março de 1950, data em que começaram a abrir os alicerces, com enxadões, enxadas e cavadeiras.
     A construção foi projetada e edificada pelo arquiteto Rafael Juliano, italiano, natural de Campobasso. As pinturas de seu interior foram feitas pelo pintor espanhol, Ramon Domingos Garcia, natural de Salamanca, formado pela Escola de Belas Artes de San Fernando, em Madri. Suas obras são conhecidas em vários países e várias cidades, tais como: Salamanca, Sevilha, Madri, Buenos Aires, etc. Na Matriz de Santo Antônio ele pintou vinte e três quadros, que hoje estão sendo totalmente recuperados pelo Artista Plástico, Benedito Carmo Soares, filho desta terra, do qual falaremos mais à frente.
     Foram encomendados sete sinos com as sete notas da escala natural (dó, ré, mi, fá, sol, lá, si) à Companhia Artística Paulistana, sediada à Rua Abílio Soares, São Paulo-SP. O maior deles é de 500 quilos e o menor é de 110 quilos, sendo o total de 2000 quilos. Todos são acionados por três motores e conjugados com o relógio mestre colocado na Sacristia e o relógio da fachada da Matriz. O relógio mestre foi comprado na França pela Companhia Tagus, situada à Rua Cardeal Arcoverde, em São Paulo-SP.
     Os vitrais da Nova Matriz foram fabricados pela Firma Vitrais Galeano, de São Paulo. São em número de 44 vitrais coloridos, narrando a vida e os milagres de Santo Antônio.
     O Altar-mor de mármore e a mesa da comunhão foram fabricados pelos irmãos Longo em Amparo-SP. Os altares laterais de madeira que estavam na Velha Matriz, de belo estilo colonial, foram colocados nas naves laterais direita e esquerda da Nova Matriz. São os mesmos da Segunda Capela, construída no ano de 1755, por Ana Cabral da Câmara, no Largo da Matriz. O Altar da Capela do Santíssimo Sacramento é de madeira, também da Velha Matriz. O Altar de Nosso Senhor dos Passos e Nossa Senhora das Dores é de madeira, de estilo simples. A Pia Batismal é de belo estilo, fabricada em pedra-sabão. Pertencia à primeira Matriz de 1738, também construída por Ana Cabral da Câmara. A imagem de Santo Antônio, Padroeiro da cidade, veio de Portugal também na época da construção desta capela, sob encomenda direta do casal Antônio Álvares Ferreira e Ana Cabral da Câmara. De belo porte, esculpida em madeira, no ponto mais alto do altar principal, Santo Antônio encanta a todos que entram naquele templo. O artista plástico, filho da terra, Benedito Carmo Soares – Liliu de Calambau – em recente trabalho de restauração da imagem conseguiu recuperar a pintura original, que tem detalhes em ouro.
     De estilo gótico-românico, a Matriz de Santo Antônio ocupa uma área de mais de mil metros quadrados de construção coberta, enfeitando a Praça Cônego Lopes, sendo o “Cartão Postal” da cidade.
PRESIDENTE BERNARDES, SEUS FILHOS E SUA ARTE
     Presidente Bernardes, cidade pequena, aconchegante, entre as montanhas de Minas, se faz conhecida pela sua história, sua cachaça de qualidade e pelos seus filhos.
     Se as montanhas impedem os homens de ver longe, elas têm a singular capacidade de fazer nascer neles, a criatividade, a arte e o desejo de se expandir.
     Esta é uma terra de artistas, de pessoas cultas, de pessoas, que mesmo na sua simplicidade, têm o dom de dar forma, de transformar a matéria, de colocar na pauta a inspiração musical, de colocar na tela a inspiração artística, no papel a inspiração literária e na madeira a perfeição da escultura.
     Vale, aqui, falar um pouco sobre estas pessoas:
  • BENEDITO CARMO SOARES (LILIU): Professor, artista plástico, pintor, com curso de aperfeiçoamento na França. Pesquisador da arte, consagrado pela harmonia e profundidade de seus quadros. Projetou-se, inicialmente, com um estilo “místico-surrealista”. Liliu de Calambau, como assina suas obras, é hoje um profissional reconhecido pelos seus trabalhos, dedicando-se à pintura Clássica e Sacra, cujos quadros assemelham-se em perfeição às obras dos Grandes Mestres do Renascimento, que podem ser vistas, em Igrejas, Mosteiros e prédios públicos espalhados pelo Brasil. Atualmente Liliu está envolvido no trabalho de restauração das pinturas de Ramon Domingos Garcia, na Igreja Matriz de Santo Antônio, em Presidente Bernardes.
  • JOSÉ ROMUALDO QUINTÃO: Pintor Naif. Autodidata. Desde a década de 1960 expõe seus trabalhos, já por diversas vezes premiados. Seus quadros podem ser vistos em diversos museus do Brasil e do exterior (Museu Etnológico de Hamburgo – na Alemanha). Reside em Belo Horizonte. Mais informações sobre a arte de Quintão, consulte o site (www.jrquintaoartenaif.com).
  • ANTÔNIO QUINTÃO CARNEIRO: Artesão, autodidata, cujos trabalhos com pedras semipreciosas, são reconhecidos internacionalmente. Seu artesanato é pioneiro no Brasil. Reduz a pó as pedras semipreciosas e com a mistura das
    mais variadas cores, reproduz belos quadros que encantam a todos. Em seu ateliê, juntamente com sua esposa Dona Glória, Ninico, como é conhecido, realiza este trabalho inédito, carregado de cor, vida e beleza! Ninico, por três vezes foi Prefeito em Presidente Bernardes. Hoje seu filho, José Maria Carneiro Neto, substitui os pais na produção dos belos quadros, que saem idênticos, comprovando que arte é mesmo coisa de família.
  • JOSÉ ISIDORO DE PAIVA: Conhecido pelo apelido de “Dé Paiva”. É santeiro, escultor, entalhador. “Dé Paiva” tem aquele dom especial que nasce com o artista, sem ter feito nenhum curso para executar suas obras, com facilidade dá forma à madeira, fazendo surgir imagens, principalmente de santos com a perfeição dos mestres do barroco mineiro.
  • JOÃO CÂNDIDO DOS SANTOS: Entalhador e escultor. Seus trabalhos eram feitos em madeira. Raras são as casas, aqui em Presidente Bernardes, que não têm algum trabalho por ele executado. Reproduzia sempre miniaturas de bois, cavalos arreados com o cavaleiro e miniaturas de carros de bois, que são conhecidos em toda a região. Já falecido.
  • JOÃO FIRMINO DE MOURA: Músico, Maestro, compositor de vários dobrados e valsas, conhecidos e executados por todo o Brasil. João de Moura foi Maestro da Banda de Música da Universidade Federal de Viçosa. Um homem que pelo seu trabalho engrandeceu a sua Terra Natal. Já falecido.
  • PEDRO MACIEL VIDIGAL: Escritor, Historiador, Genealogista, Pesquisador, Político. Homem de vasta cultura. Foi deputado estadual e federal. Muito fez por sua Terra Natal. Grande parte dos melhoramentos de vulto, na cidade, foram por ele conseguidos, junto aos Governos, Estadual e Federal. Publicou vários livros e trabalhos, sendo os mais importantes: “OS ANTEPASSADOS VOL. I: A SUA TERRA” (onde conta a história de Calambau), “A DESCENDÊNCIA DE AMADOR BUENO NO VALE DO RIO DOCE”, “AS LIÇÕES DA SABEDORIA GREGA”,“RETRATOS LITERÁRIOS” e “NO HORIZONTE DA IMORTALIDADE”. Padre Pedro, como era conhecido, era amigo íntimo do Presidente Juscelino Kubstchek de Oliveira, que aqui esteve, em 1962, quando Senador da República. A visita mais importante que Presidente Bernardes já recebeu. Padre Pedro faleceu em 2004, aos 95 anos.
  • MARISA VIDIGAL CARNEIRO RIBEIRO: De estilo Naif, suas telas representam sempre cenas de procissões, congada, festa junina, circo, enfim, lembranças de sua infância passada no pequenino Calambau. Em seu site vamos encontrar como ela próprio se define: “A família, religião, tradição e cultura de minha terra sempre reforçaram o meu sentimento nativista. Foi convivendo com dois renomados artistas, Quintão (pintor Naif) e Liliu de Calambau (transfere para a tela toda a sua espiritualidade) que me senti inspirada a registrar na tela o meu povo, sua cultura e tradições. Atualmente, resido e trabalho em Curitiba-PR, onde desenvolvo trabalho de Arte e Pesquisa em meu próprio atelier”. Mais informações veja o site (www.marisavidigalartnaif.com).
    Muitos outros artistas tem Presidente Bernardes. Vale aqui ressaltar as
    famosas colchas de tear manual, cujas principais tecedeiras se encontram na região denominada “Guirras”, na zona rural. Este artesanato predomina nas famílias Pinto e Souza, que são naturais de Capela Nova-MG, cidade famosa neste tipo de artesanato.
    A CIDADE E SEUS CASARÕES COLONIAIS
     A cidade de Presidente Bernardes se destaca na região pela grande existência de casarões da arquitetura colonial mineira dos Séculos XIX e XX, na Praça Cônego Lopes, ruas da cidade e na zona rural do município.
     Segundo testemunhos de visitantes: “é o conjunto arquitetônico da praça que nos atrai a passar horas na cidade... Além de ser aconchegante é singular...”
     Graças à consciência de preservação dos casarões, por parte de seus proprietários, o município conserva o que é de mais rico para um povo: “a sua História”. Esse diferencial é um grande potencial para atrair turistas ao município, e consequentemente, mais recursos ao comércio local.
     Diante dessa visão a Prefeitura, através do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural, estuda mecanismos para incentivar cada vez mais a preservação do Patrimônio Cultural do Município, visando motivar mais interessados. “Preservar nosso Patrimônio é manter viva uma realidade do passado. Vamos preservar nossos velhos casarões!”  

 PRESIDENTE BERNARDES - BERÇO DA CACHAÇA MINEIRA
     Há mais de um século, nesse município, vem-se produzindo as melhores cachaças da região, em pequenos alambiques espalhados pela zona rural. Embora se saiba que no Século XVIII aqui já se produzia cachaça (Fazenda Bananeiras – Sec. XVIII), tomamos como marco desta tradição, o Século XIX, quando, na Fazenda da Água Limpa, no ano de 1882 iniciou-se a produção regular de cachaça, visando suprir, principalmente, os mercados de Ouro Preto, Mariana e São João Del Rei. Daqui a cachaça saía em lombo de burros, levada por tropas, que traziam na volta, sal, querosene, tecidos, mantimentos que aqui não eram produzidos, bem como outros produtos manufaturados, além de correspondências pessoais, jornais e revistas. Com pouco tempo vários outros alambiques surgiram e a nossa cachaça foi ganhando fama por toda a região onde era levada. Até hoje, o município tem fama de produzir boa cachaça, fazendo valer a máxima que diz: “CACHAÇA BOA É DE CALAMBAU”, numa alusão ao antigo nome do município, que confirma a tradição das cachaças ali produzidas (Arquivo Público Mineiro: SPPP 1/10, Caixa 18, doc. 3 - “Rellação das Fabricas de Engenho de Cana que há no Destrito da Capella de Santo Antonio do Calambao – Freguezia de Guarapiranga, Termo da Lial cidade de Marianna a 7 de Janeiro de 1832”). Por essa razão, em 1984, a Prefeitura Municipal, juntamente com o GRUPO PRÓ-TERRA e PRODUTORES DE CACHAÇA, uniram-se e criaram a FESTA DA CANA & FESTIVAL DA CACHAÇA, um dos mais antigos Festivais de Cachaça de Minas Gerais, que todos os anos, no mês de Julho atrai milhares de visitantes e turistas ao município.
     Um brinde a você que aprendeu a saborear as nossas boas cachaças!

Extraído do Estudo/Trabalho do Professor Marcelo Magalhães Godoy:
O primado do mercado interno - a proeminência do espaço canavieiro de Minas Gerais no último século de hegemonia das atividades agroaçucareiras tradicionais no Brasil


 (ANEXOS)
 
DADOS BIOGRÁFICOS DE ARTHUR DA SILVA BERNARDES
    
Nasceu em Viçosa, Minas Gerais, em 08 de Agosto de 1875.
Advogado, sua atividade política começou como vereador e Presidente da Câmara Municipal de Viçosa em 1906.
     Em 1909, foi eleito Deputado Federal, cargo a que renunciou para ocupar a pasta das Finanças no Governo de Minas Gerais.
     Entre 1918 e 1922, foi Presidente (Governador) deste Estado.
Em 15 de Novembro de 1922, Arthur Bernardes foi eleito Presidente da República depois de uma acirrada campanha, cujo candidato oposicionista era Nilo Peçanha, que contava com o apoio do movimento da “Reação Republicana”, formada pelos Estados da Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro e o Partido Republicano do Rio Grande do Sul.
     O Governo de Arthur Bernardes foi marcado por vários movimentos revoltosos, como: a revolta do Rio Grande do Sul contra a continuidade de Borges de Medeiros no Governo do Estado; a revolta em São Paulo, chefiada por Isidoro Dias Lopes e promovida pelos “Tenentes”; a Coluna Prestes-Miguel Costa – união das duas colunas revolucionárias de paulistas e gaúchos; o motim do couraçado São Paulo, que ameaçava bombardear o Palácio do Catete, e outras sublevações que provocaram intervenções federais, de forma que seu Governo transcorreu quase que totalmente sob “Estado de Sítio”.
     No final do seu mandato, em 1926, o Presidente conseguiu fortalecer o Poder Executivo através de uma reforma na Constituição de 1891. Arthur Bernardes faleceu no Rio de Janeiro em 23 de Março de 1955. 


TROPAS E TROPEIROS
(Murilo Vidigal Carneiro)

"Assim como o sertanejo o tropeiro também é um forte".

     Pelo tilintar dos cincerros, sabemos que a tropa se aproxima. Após sete dias eis que ela volta de Mariana, onde fora levar a cachaça produzida em nosso município. Foram quatro dias para ir e três para voltar. Cada burro levando 80 litros, ou seja, dois pipotes de 40 litros. Passaram pela região de Cunhas, Piedade, Córrego do Peixe, Lavrado, Pinheiros Altos, Mainarte, Pe. Viegas (antigo Sumidouro) e finalmente Mariana. Geralmente os tropeiros "arranchavam" em Pinheiros Altos e Mainarte,antes de chegarem a Mariana.
     A madrinha é o animal que vai à frente da tropa, toda enfeitada com tiras de pano vermelho sobre a cangalha e pendurados ao pescoço são colocados os cincerros, sininhos presos ao peitoral de couro que balançavam quando  a madrinha andava, produzindo um som característico (tilintavam), marcando os passos cansados dos animais.
     Toda a mercadoria era colocada dentro de umas bolsas de couro crú, que depois de amarradas eram penduradas cada uma de um lado da cangalha. As alças prendiam as bolsas à cangalha.
     Os tropeiros saiam bem cedo com a tropa. Os burros vindos do pasto eram colocados no terreiro, um ao lado do outro e cada um recebia uma ração de milho. Tropa arreada, mercadoria na cangalha, pé na estrada...
     A tropa geralmente era composta de dez a doze animais que formavam o lote, uma era a madrinha e os outros transportavam a carga.
     O tropeiro era uma figura colonial típica. Em Mariana e Ouro Preto, no século XIX, o transporte regional era feito exclusivamente através das tropas. Quase todas as tropas existentes em Calambau levavam mercadorias para Mariana nesta época. Muito tempo depois as nossas tropas passaram a levar também as mercadorias para Mercês, mais precisamente a partir de l.914, com a inauguração da Estrada de Ferro, ramal Piranga. Mercês de acordo com o historiador José Geraldo Heleno, recebia por dia 40 a 50 tropas, perfazendo mais ou menos quinhentos  animais de carga todo o dia.
     Quase todas as fazendas antigas em nosso município possuíam as suas tropas. Eis algumas: Fazenda Água Limpa, com os tropeiros Joaquim, Sebastião e Dino Fernandes ( todos irmãos) e mais o tropeiro José Placides. A fazenda Seringa com os tropeiros Zé Carneiro, Divino e Geraldino Lucas. Umas das últimas tropas foi a do Geraldino de Souza Lima, mais conhecido como Geraldino da Iva que teve como auxiliares os tropeiros Ninico, Zezé, Onofre Vicente e outros. Na tropa do Geraldino a madrinha tinha o nome Mulata, alguns dos outros burros eram: Penacho, Paraíso, Diamantino, Pavão e Palanque.
     Quando a tropa chegava ao seu destino, os burros eram lavados para ser tirado o suor de seus lombos. Recebiam mais milho e eram soltos para o pasto. Nesta ocasião os burros se espojavam: deitavam de costas e viravam de um lado para o outro. Era uma maneira de secarem as costas. Nesta altura um dos ajudantes já havia "fincado a trempe" e em um gancho da mesma já estava pendurado o caldeirão de ferro com a água fervendo para coar o café. Para o jantar algumas vezes eles já traziam o feijão cosido. Era só colocar o torresmo e a farinha junto ao mesmo, esquentar e já estava pronto o feijão tropeiro. O arroz era feito em outro caldeirão. Antes da refeição todos tomavam um gole da cachaça que transportavam. Todos os apetrechos, inclusive os mantimentos para a comida iam transportados pela "madrinha" em dois caixotes ou balaios, cobertos por um grande couro, que, à noite serviria de cama. Esta é uma pequena história de nossas tropas e tropeiros e hoje revivemos esta tradição com uma tropa transportando a cachaça dos alambiques até este Parque de Exposições.
     Nesta festa vamos brindar àqueles tropeiros que foram os pioneiros do transporte em nossa terra!





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Fontes Consultadas:
Os Antepassados – I Volume – A Sua Terra” - Pedro Maciel Vidigal);
Biografia de Dom José Nicomedes Grossi” - Dom José Nicomedes Grossi.
Arquivo Público Mineiro (Via internet)
Pesquisa e digitação: Fernando André Carneiro Peixoto
Revisão de Pesquisa Histórica: Professora Maria Célia Soares Peixoto
Realização: Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Presidente Bernardes
Apoio: Prefeitura Municipal de Presidente Bernardes (Administração: 2009/2012) e Câmara Municipal








 

PRESIDENTE BERNARDES - MG

VISTA DE PRESIDENTE BERNARDES
GEOGRAFIA: Presidente Bernardes é uma pequena cidade do interior de Minas Gerais. Situa-se no Vale do Piranga, na Zona da Mata e pertence à comarca de Piranga. Possui uma área de 236,7 Km² de extensão territorial, limitando-se com os seguintes municípios: Porto Firme, Piranga, Brás Pires, Senador Firmino, Paula Cândido e Senhora de Oliveira, distando-se a 190 Km da Capital Mineira Belo Horizonte. De clima bom, apresenta uma temperatura média anual de 19,4C, sendo a máxima de 26,4C e a mínima de 14,8C. A altitude máxima registrada é de 875 m e a mínima de 620 m no ponto central da cidade. O município é banhado pelos Rios Piranga e Xopotó. É bom lembrar que o Rio Piranga é um dos principais afluentes do Rio Doce.
POPULAÇÃO: A população, aproximadamente 6000 habitantes, é de gente simples e religiosa, característica transmitida de geração em geração, formada principalmente pela miscigenação dos portugueses colonizadores, bandeirantes paulistas, índios e negros.
GOVERNO: Atualmente o município é administrado pelo Prefeito Izaltino Vital de Souza (PSDB) (2º mandato - 2009/2012), sendo o Vice-prefeito Agostinho Pedro Teixeira (PMDB). A Câmara Municipal é constituída por 09 (nove) vereadores, a saber: Antônio Nelson de Freitas (PMDB), José Maria Guimarães (PT) (Presidente), José Geraldo de Castro (PTB), Tarcísio Márcio Barbosa (PSB), Palmiro Pereira Paiva (PP), Beatriz de Souza Lana (PSDB), Ivair Guimarães Teixeira (PSDB), Vicente Agostinho de Souza (PP) e Adão da Consolação Silva (PP).
ECONOMIA: Resume-se no comércio e na agricultura, limitando-se ao plantio de milho, arroz, feijão, cana-de-açúcar e café, em pequena escala e na pecuária leiteira, também de pequeno porte. Graças ao trabalho desenvolvido, ao longo dos anos, pelos órgãos assistenciais do Governo, principalmente pela EMATER-MG, Departamento Municipal de Agropecuária, Abastecimento e Meio Ambiente e o fortalecimento da Associação dos Pequenos Produtores Rurais “José Pedro Fernandes”, o agricultor local já despertou para as práticas modernas de agricultura, o que vem melhorando em muito o setor agrícola. Conta ainda o trabalhador rural com a assistência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Presidente Bernardes, que desde a década de 1970 vem prestando bons serviços aos associados.
A única indústria do município é a fabricação de cachaça, em pequenos alambiques, espalhados pela zona rural.
O Comércio, como na maioria das pequenas cidades do interior, ainda é bem tradicional, mas, já demonstrando modernização, graças à informática, que vem mudando a atitude dos comerciantes, adequando-os aos novos tempos.
A cidade, que num passado recente era assistida por duas agências bancárias, Minascaixa e Banco Nacional, hoje é atendida pelo Banco Postal (BRADESCO) integrado à Agência de Correios.
SAÚDE: O Setor de Saúde do Município atende suficientemente a população nos setores de Odontologia, Fisioterapia, Psiquiatria, Ginecologia, Dermatologia, Clínica Geral, além de encaminhar pacientes para outras cidades para realização de exames médicos e procedimentos cirúrgicos, e graças ao trabalho do Departamento Municipal de Saúde, o Hospital Santo Antônio, reformado e reestruturado pela atual Administração Municipal dá mais conforto e tranquilidade à população.
EDUCAÇÃO: Na área da Educação, o município conta com duas escolas estaduais na cidade: Escola Estadual Governador Clóvis Salgado (1º ao 5º ano) e Escola Estadual Padre Vicente Carvalho (1º e 2º Grau) e uma Escola da APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) mantida pelo município e uma Creche Municipal (CRECHE VOVÓ ETELVINA), que dá tranquilidade às mães que trabalham, além de desenvolver um excelente trabalho de sociabilização das crianças ali abrigadas. Uma Escola Estadual no Povoado de São Nicomedes: Escola Estadual Antônio Lucas Martins (1º Grau). As zonas rurais são atendidas por treze Escolas Municipais do pré-primário ao 5º ano.
O asfalto chegou com o Programa do “Pró-Acesso”, do Governo Estadual, ligando o município à BR-482. A telefonia fixa é atendida pela concessionária TELEMAR (código de área 32) e a móvel (celular) pela operadora CLARO, sendo a energia elétrica pela concessionária CEMIG.
TURISMO: O município tem grande potencial turístico, necessitando de alavancar este potencial para gerar renda à população envolvida. Destacam-se os seguintes locais como atrativos turísticos:
CACHOEIRA DO ZÉ BENTO: Situa-se no Rio Xopotó, a aproximadamente 12 quilômetros da sede. No verão é muito procurada por pessoas do município e de cidades vizinhas para a prática de natação e camping. A queda da água forma uma piscina oval bem profunda. Não é bom se aventurar em suas águas sem estar na companhia de quem a conheça.
CACHOEIRA DO FÁBIO: Acima da Cachoeira do Zé Bento, por cerca de 3 quilômetros, a Cachoeira do Fábio, também no Rio Xopotó, é bem procurada. Como a primeira, tem águas profundas.
FAZENDA BANANEIRAS: A 12 quilômetros da cidade, no sentido de Porto Firme, em estrada de terra, esta fazenda surge de forma imponente, logo após o Povoado que leva o seu nome, Bananeiras. Toda cercada por pedras, que segundo se conta, foram retiradas do outro lado do Rio Piranga, puxadas por bois e com a participação do trabalho de escravos. Possui capela colonial em seu interior e uma grande mesa de pedras em seu pátio interno, obra de escravos. Está fechada à visitação pública. Pertence à família Moretzsohn.
FAZENDA DA ÁGUA LIMPA: Situa-se a cerca de 3 quilômetros da cidade, no sentido de Porto Firme, na mesma estrada que conduz à Fazenda Bananeiras. Tem como atrativo o Engenho mais antigo do município, em atividade desde 1882, onde se fabrica a mais tradicional cachaça de Presidente Bernardes, a “Água Limpa”, numa tradição que vem passando de pai para filhos.
MIRANTE DO CRUZEIRO: Situa-se no Morro do Cruzeiro, grande montanha que domina toda a cidade, onde existe o Cruzeiro – símbolo da fé dos habitantes da cidade – ali colocado por iniciativa de Padre José Nicomedes Grossi, quando assumiu a Paróquia de Santo Antônio de Calambau, em 1941. Possui vasta mata, que faz parte da Reserva Nativa do Município. Oferece ao visitante uma bela vista da cidade.
O BALAUSTRE, A IGREJA MATRIZ E OS CASARÕES DA PRAÇA: O balaustre, obra construída por Padre José Nicomedes Grossi, logo após o término da construção da Igreja Matriz, domina toda a Praça Cônego Lopes.
Em sua autobiografia, Dom José Grossi diz que após a construção da Igreja Matriz, visto que toda a areia necessária à obra fora retirada da própria praça, temeroso de que os casarões sofressem algum abalo, mandou que se construísse este balaustre, que forma belo conjunto arquitetônico com a Igreja e os casarões da praça. Nesta praça merece destacar também o Jardim JK, construído em homenagem ao Presidente Juscelino Kubstchek de Oliveira, que aqui esteve para inaugurá-lo no ano de 1962 e o Jardim Dois Irmãos, também na mesma praça, que homenageia os irmãos Olívio Quintão Vidigal e Leonídio Quintão Vidigal, comerciantes locais que desempenharam papel importante na política e na comunidade.
Presidente Bernardes, como as cidades interioranas, é berço para retorno dos conterrâneos que residem fora, em feriados e férias, à casa dos pais e avós, seja na sede ou zona rural.
Atualmente, a Prefeitura Municipal de Presidente Bernardes, em parceria com o Escritório local do Circuito Turístico Nascente do Rio Doce, visando valorizar mais o produtor de cachaça, estuda a implantação do Roteiro Turístico dos Alambiques, onde o visitante terá a oportunidade de degustar as nossas boas cachaças e conhecer locais interessantes.
EVENTOS PRINCIPAIS: Como a maioria das cidades do interior, comemoram-se, principalmente, as festas religiosas e populares: Carnaval, Semana Santa; no dia 13 de junho a Festa de seu Padroeiro, Santo Antônio e o dia de Nossa Senhora Aparecida.
No segundo final de semana do mês de julho, acontece o BIKECANA – considerado o maior passeio ciclístico de Minas Gerais, 120 quilômetros de percurso (no roteiro inicial a saída era Barbacena). No ano de 2011, os organizadores do evento fizeram a “Rota dosTropeiros”, saindo de Presidente Bernardes, com destino à cidade de Mariana - como faziam nossos antigos tropeiros levando nossa cachaça, retornando no dia seguinte. Na volta a Presidente Bernardes, na chegada, acontece uma grande festa com desfile dos participantes pelas ruas da cidade e concentração na Praça Cônego Lopes. Mais informações sobre este evento podem ser obtidas no site www.bikecana.com.br. Como festejo principal, no último final de semana do mês de Julho acontece a FESTA DA CANA & FESTIVAL DA CACHAÇA, que desde 1984 vem atraindo mais e mais visitantes ao município. Este Festival é patrocinado pela Prefeitura Municipal e conta com a participação dos produtores de aguardente do município e comércio local, consolidando cada vez mais a tradição de que aqui se faz a melhor cachaça da região.
CULINÁRIA DOMÉSTICA: Principais quitandas: biscoito de polvilho, rosca da rainha e pão-de-ló, sempre regadas ao café com leite. Pratos: Tutu de feijão; Feijão tropeiro, acompanhado de torresmo, linguiça e couve; Frango com quiabo, sempre acompanhado de angu; Pato com macarrão; Canjiquinha com costelinha de porco e a tradicional Feijoada. É bom lembrar que junto a estes pratos sempre se serve a nossa boa cachaça de alambique. Merece destaque também a fabricação artesanal de queijo nas propriedades rurais, numa tradição que atravessa gerações.
AGREMIAÇÕES CULTURAIS: Como agremiações de caráter cultural destacam-se: A Corporação Musical Santo Antônio, cuja origem remonta às épocas de Padre Chiquinho (década de 1930); A Banda de Congo, o Grupo de Capoeira Anaconda e a Associação Bloco Carnavalesco do Pereira. Recentemente instalou-se no município um Escritório do Circuito Turístico Nascente do Rio Doce, que vem desenvolvendo uma política voltada ao Turismo de Forma Sustentável, envolvendo produtores rurais, artesãos locais e da região.